Reserva Natural do Estuário do Sado

Património Construído

Os recursos marinhos (pesca e sal) foram juntamente com as condições naturais de porto, os principais fatores de fixação humana nas margens do estuário do Sado.

Durante o neolítico médio-final há cerca de 5000 anos, ocorreu o estabelecimento de diversos habitats de mariscadores/pescadores na margem esquerda do estuário entre a Comporta e a Carrasqueira (Celeiro Velho, Malhada Alta, Possanco, Pontal, Barrosinha, Sapalinho). Situaram-se na extremidade de línguas de areia banhadas pelas águas da baía e separadas por esteiros, em situação privilegiada para uma proveitosa exploração dos recursos que aqueles ofereciam. Também na margem direita do estuário se localizaram habitats de ar livre do Neolítico.

Do período romano, os centros de produção de salga de peixe, alcançaram o seu auge durante o séc. II. A olaria produtora das ânforas destinadas à indústria da salga, encontrava-se distribuída principalmente na margem direita do Sado: Pinheiro, Abul, Encharroqueira, Vale da Cepa e Batalha na margem esquerda, constituem as localidades dos fornos romanos conhecidos.

Atualmente podemo-nos aperceber que a arquitetura tradicional encontrada na área da RNES, sofreu de um modo geral alterações profundas ao longo dos tempos. Alterações, essas provocadas pelo desenvolvimento industrial, crescimento da população ativa, progresso da urbanização e introdução de novos materiais de construção.

Subsistem, apesar do crescimento de alguns aglomerados, tipos de construção que se destacam quer através da simplicidade das formas, quer pelo recurso aos materiais de construção locais e pela integração na paisagem.

A habitação rural e a cabana do pescador, também destinada a arrumo de alfaias agrícolas, representam tipologias que ainda testemunham a tradição e cultura do povo aqui residente.

A sul e leste da Reserva, perdura uma tipologia de habitação semelhante às casas do litoral alentejano, de piso térreo com base numa planta retangular, com paredes caiadas a branco, sublinhado normalmente a azul ou ocre.

Ainda se encontram, especialmente em locais arenosos, algumas cabanas que têm como funções a habitação (mesmo segunda habitação para lazer e turismo rural) ou a guarda de alfaias agrícolas.

Do património construído há que destacar o Moinho de Marés da Mourisca, localizado junto ao rio, na zona do Faralhão, que como centro de informação, sensibilização ambiental, de birdwatching e polo de descoberta da Reserva Natural é um importante marco. É gerido conjuntamente entre o ICNF e a Câmara Municipal de Setúbal e promove regularmente ações de sensibilização e formação ambiental. Está ainda aberto regularmente ao público em geral e à visitação específica de escolas e grupos.

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